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sábado, 31 de janeiro de 2009

Carinhos...


Alguns chamam de prêmios, outros de selos, eu vou chamar de carinho em forma de selo... Sim, porque ao receber um "selo", sinto como se recebesse um carinho de um amigo que me quer bem e gosta do meu trabalho.

Vamos lá!


Ganhei este carinho da Cris, do TÔ DOIDA,e ele vem agregado a um prêmio, uma caricatura em preto e branco, está será feita pelo blog Olha que Maneiro.


Os indicados têm que cumprir as regras para que haja a premiação. Aqui vão elas:

1- Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro”.

2- Poste o link do blog que te indicou.

3- Indique 10 blogs de sua preferência e os avise:

Meus indicados:

- Mimi, do Mimirabolante

- Daiane, do Vivo Verde

- Eduardo, do eduardomiguelpardo

- Vivian, do In FocO

- Tânia, do Tânia Defensora

- Ana Cláudia Bessa, do O Futuro do presente

- Jens, da  A Toca do Lobo

- Luma, do Luz de Luma, yes party!

- Cris, do blog da Cris

- Geovana, do Ô Menino Rude !!!


5- Publique as regras.

6- Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.

7- Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá uma caricatura em P&B.

8- Só vale se todas as regras acima forem seguidas.

Obs.: Para concorrer à caricatura, a postagem só é valida até 31 de janeiro. Porém, o selinho é de vocês, podem levar "para casa"!

Obrigada, Cris, pela lembrança!


A Cris, do TÔ DOIDA, me fez outro carinho enorme! Amei e fiquei lisonjeada... Obrigada, Cris!

O selo Este Blog Ensina o Caminho Certo, eu darei a  três blogs que estão ajudando a fazer a diferença.

Vou passar esse carinho para Minha amiga Mimi, do Mimirabolante, com quem estou aprendendo muito. 

Outro carinho para a Daiane, do Vivo Verde, que está indo pelo caminho certo.

E mais um carinho, este para o Eduardo, do eduardomiguelpardo, que sabe fazer a diferença!

Espero que gostem!


Ganhei esses três carinhos da Tânia, (Jolie) do Tânia Defensora

Obrigada, moça, amei... Adorei a lembrança!!!

                   

Repasso esses carinhos às minhas amigas:

- Cris, do Tô Doida

- Terezinha, do Sala de Aula

- Letícia, do  Artes da Lelê


Beijos "enormes de grandes"...


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Você pode...

Como sempre, este blog não fala apenas de problemas ecológicos, mas também, de problemas sociais ou de qualquer assunto que precisar ser falado para ajudar às pessoas.

Emocionei-me ao ver esses vídeos, são provas de que quando se ama alguém, tenta-se fazer de tudo para que esse alguém seja feliz, de tudo...






O amor e a atenção faz com que qualquer pessoa desenvolva suas capacidades, o que nos faz refletir na criação e atenção que muitas pessoas portadoras de necessidades especiais estão tendo. 

Algumas pessoas não fazem nada por falta de condições, outras, por falta de vontade, e muitas, por não saberem como agir se tornam atônitas a estas situações.

Estes vídeos me fizeram refletir muito... 

Muitas pessoas que não tem filhos que necessitam de tanta atenção esquecem de dedicar um pouco de tempo a eles, ou, não dedicam o tempo que poderiam. Enquanto um Homem tenta se superar cada vez mais para realizar uma ação sem esperar nada mais em troca do que um sorriso no rosto do seu filho, um Homem que não deixa que seu filho deixe de se realizar "apenas" por ter necessidades especiais.  


Espero que todos possamos aprender com este exemplo de amor, força e perseverança.


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Genialidade, simplicidade e menos gastos com o consumismo.


Não deixem de assistir o vídeo, é ótimo!!!



Para quem acredita que o mundo precisa sempre avançar em tecnologia para ficar melhor e usa isso como desculpa para não parar um pouco de "evoluir" e poluir.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Quem disse que só ensino coisas difíceis?




Como professora, não poderia esquecer de deixar uma "coisinha" para vocês ficarem ocupando o tempo enquanto estarei ausente...

Para quem, como eu, achou chata a "tal mudança ortográfica" (compra de novos dicionários, novas gramáticas e mais memorização para mudar o que já estava pronto), depois da crônica feita pela escritora Elida Kronig, veja como ficou mais fácil resolver a parte da memorização.


“Como será daqui pra frente?”


“ Estive vendo as novas regras da ortografia.
Na verdade, já tinha esbarrado com elas
trilhares de vezes, mas apenas hoje que
as danadas receberam uma educada
atenção de minha parte.

Devo confessar que não foi uma ação espontânea.
Que eu me lembre, desde o ano retrasado que
uma amiga me enche o saco para escrever a
respeito. O faço com a esperança de que diminua
o volume de e-mails e torpedos que ela me envia.
Em suma, que as novas regras ortográficas a
mantenham sossegada por um bom tempo.

Cai o trema!
Aliás, não cai... Dá uma tombadinha.
Linguiça e pinguim ficam feios sem ele
mas quantas pessoas conhecemos
que utilizavam o trema a que
eles tinham direito?

Essa espécie de "enfeiação" já vinha sendo
adotada por 98% da população
brasileira. Resumindo,
continua tudo como está.

Alfabeto com 26 letras?
O K e o W são moleza para qualquer internauta,
que convive diariamente com Kb e Web-qualquercoisa.
A terceira nova letra de nosso alfabeto tornou-se
comum com os animes japoneses, que
tem a maioria de seus personagens e
termos começando com y. Esta regra
tiramos de letra.

O hífen é outro que tomba mas não cai.
Aquele tracinho no meio das vogais, provocando
um divórcio entre elas, vai embora. As vogais agora
convivem harmoniosamente na mesma
palavra.

Auto-escola cansou da briga e passou a ser autoescola,
auto-ajuda adotou autoajuda.
Agora, pasmem!

O que era impossível tornou-se realidade.
Contra-indicação, semi-árido e infra-estrutura
viraram amantes, mais inseparáveis que nunca.
Só assinam contraindicação, semiárido e infraestrutura.
Quem será o estraga-prazer a querer afastá-los?

Epa! E estraga-prazer, como fica?
Deixa eu fazer umas pesquisas básicas pela Internet.
Huuummm... Achei!

Essas duas palavrinhas vivem ocupadíssimas,
cada uma com suas próprias obrigações.
Explicam que a sociedade entre elas não passa
de uma simples parceria. Nem quiseram se
prolongar no assunto. Para deixar isso bem
claro, vão manter o traço.

Na contra-mão, chega um
paraquedista
trazendo um paralama, um
parachoque e um parabrisa - todos sem tracinho.
Joguei tudo no porta-malas pra vender no
ferro-velho. O paraquedista com cara de
pão de mel ficou nervoso. Só acalmou quando
o banhei com água-de-colônia numa
banheira de hidromassagem.

Então os nomes compostos não usam mais hífen?
Não é bem assim.
Os passarinhos continuam com seus nomes:
bem-te-vi, beija-flor. As flores também
permanecem como estão: mal-me-quer.
Por se achar a tal, a couve-flor recusou-se a
retirar o tracinho e a delicada erva-doce
nem está sabendo do que acontece
no mundo do idioma português e vai
continuar adotando o tracinho.

As cores apelaram com um papo estranho sobre
estarem sofrendo discriminações sexuais e
conseguiram na justiça, o direito de gozarem
com o tracinho. Ficou tudo rosa-choque,
vermelho-acobreado, lilás-médio...

As donas de casa quando souberam da vitória da
comunidade GLS, criaram redes de novenas
funcionando por 24hs, para que a feira não se
unisse sem cerimônia aos dias da semana. Foram atendidas
pelo próprio arcanjo Gabriel que fez uma aparição
numa das reuniões, dando ordens ao estilo Tropa de Elite:
- Deixe o traço!
Deu certo. As irmãs segunda-feira, terça-feira e as demais,
mantiveram o hífen.

Os médicos e militares fizeram um lobby, gastaram
uma nota preta pra manter o tracinho. Alegaram que
sairia mais caro mudar os receituários e refazer as fardas:
médico-cirurgião, tenente-coronel, capitão-do-mar.
Uma pequena pausa para a cultura, ocasionada pelo
trauma de ler muitas pérolas do Enem e
Vestibular. Só por precaução...

Almirante Barroso não tem tracinho. Assim era chamado
Francisco Manuel Barroso da Silva. Sim, o cara era
militar da Marinha Imperial. Foi ele quem conduziu a
Armada Brasileira à vitória na Batalha do Riachuelo,
durante a Guerra da Tríplice Aliança.
No centro do Rio de Janeiro há uma avenida com seu nome
(Av. Almirante Barroso). Na praia do Flamengo, há um
monumento, obra do escultor Correia Lima, em cuja
base se encontram os seus restos mortais. Fim da pausa!

Acho que algumas regras pra este tracinho, até que simpático,
foram criadas por algum carioca apaixonado. Será que
Thiago Velloso e André Delacerda tiveram alguma participação
nas novas regras?

O R no início das palavras vira RR na boca do carioca.
Não pronunciamos R (como em papiro, aresta e arara),
pronunciamos RR (como em ferro, arraso e arremate).
Falamos rroldana e não roldana, rrodopio e não rodopio,
rrebola e não rebola.
Pois bem, numa das tombada do hífen, o R dobra e
deixa algumas palavras com jeito carioca de ser:
autorretrato, antirreligioso, suprarrenal. Será fácil lembrar
desta regra. Se a palavra antes do tracinho (nem vou falar em
prefixo) terminar com vogal e a palavra seguinte começar com
R é só lembrar dos simpáticos e adoráveis cariocas.

Mais uma coisinha: a regra também vale para o S. Fico até
sem graça de comentar isso, pois todos sabemos que o S é
um invejoso que gosta de imitar o R em tudo. Ante-sala vira
antessala, extra-seco vira extrasseco e por aí vai...
Quem segurou mesmo o hífen, sem deixá-lo cair, foram os
sufixos terminados em R, que acompanham outra palavra
iniciada com R, como em inter-regional e hiper-realista.
Estes tracinhos continuarão a infernizar os cariocas.
O pré-natal esteve tão feliz, rindo o tempo todo
com o pós-parto de uma camela pré-histórica que
ninguém teve coragem de tocar no tracinho deles.
Já o pró - um chato por natureza, foi completamente
ignorado. Só assim manteve o tracinho:
pró-labore, pró-desmatamento.

A vogal e o h não chegaram a nenhum acordo, mesmo com
anos de terapia. Permanecem de cara virada um pro outro:
anti-higiênico, anti-herói, anti-horário. Estou
começando a achar que as vogais são semi-hostis
com as consoantes...
O interessante é que as vogais quando estão próximas
umas das outras, não tem essa de arquiinimigas. Fizeram
lipo juntas e conquistaram uma silhueta antiinflacionária de
microorganismo. Sumiram todos os tracinhos, notaram?
Vogal-vogal, com as novas regras ficam magrinhas:
microondas, antiibérico, antiinflamatório, extraescolar...
Uma inovação interessante:
- Podem esquecer o mixto , ele foi sumariamente
despedido. Puseram o misto no lugar dele.

Fiquei bolada com essa exceção: o prefixo co não usa mais
hífen. Seguiu os exemplos de cooperação e
coordenado, que sempre estiveram juntas.
Não estou me lembrando no momento, de
nenhuma palavra que use co com tracinho.
Será que sempre escrevi errado?
Quem diria que o créu suplantaria a ideia!? Teremos que
nos acostumar com as ideias heroicas sem o acento agudo.
Rasparam também o acento da pobre coitada da jiboia.
O acento do créu continua porque tem o U logo depois.
Pelo menos a assembleia perdeu alguma coisa...
Resta o consolo em saber que continuamos vivendo
tendo um belíssimo céu como chapéu.”


Crônica “Como será daqui pra frente?”
De: Elida Kronig


Aplicada com sucesso em vários colégios, tem sido um valioso auxiliar nas palestras e seminários de atualização da Língua Portuguesa.

Beijos...
Lola

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Um pouco ausente...


Olá, pessoal,


Não gosto de vir aqui para isso, porém, também não gosto de sumir sem deixar notícias.

O ano começa e junto com ele o trabalho. Tenho que elaborar algumas aulas e também algumas pendências para resolver.

Por enquanto, respondi aos comentários das duas últimas postagens e passarei sempre por aqui para dar uma olhada e não deixar ninguém "falando" sozinho. :)


Voltarei o mais rápido que puder e com novas postagens!

Se precisar, é só chamar que apareço!



Beijo, "enorme de grande" em todos.

Lola...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Amizade ou Nacionalismo!



Vamos falar de coisa boa?

Pois é, temos uma amiga que tem o único blog brasileiro que está concorrendo como finalista ao melhor blog Latino, Caribenho ou da América do Sul .É a Luma, do Luz de Luma. yes party! .

Vamos dar uma força, uma não, várias, pois podemos votar uma vez por dia, todos os dias. O prazo termina dia 14 de janeiro, ainda dá tempo!!!

Se você não a conhece e ainda não sabe da pessoa do bem que ela é, vote por nacionalismo, pois é o único blog brasileiro que está concorrendo a este prêmio. Vamos ajudá-la a trazer este prêmio "para casa"!!!




Sorte, Luma!!!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Um novo ano começa...

Sejam bem-vindos a 2009!

Começamos o ano com uma novidade: A partir de hoje, o "CONSCIÊNCIA COLETIVA" também é um site!!!

Ninguém precisa se preocupar em mudar o link, ao entrar no www.umaconscienciacoletiva.blogspot.com você será automaticamente direcionado para o www.conscienciacoletiva.com.br.

Que este ano que começa seja cheio de paz, amor, saúde e muitas felicidades!!!




Começo o ano fazendo um pequeno balanço do que quero e do que não quero para 2009.

Não quero mais disso:

Sunday, November 30, 2008

Adeus, Anjo Gavriel


Esq. a dir.: Rivka, Moshe e Gavriel Holtzberg

Aos meus treze anos de idade, vivendo conflitos que pareciam então intermináveis em minha família, encontrei na Yeshivá de Petrópolis um refúgio perfeito. O seminário, dedicado a crianças judias que, como eu, procuravam a aproximação ao judaismo, também abrigava muitos que, como eu, vinham de famílias quebradas. A maioria de nós vinha de casas não religiosas, e pude percebê-lo imediatamente ao apenas observar minha cercania.
Entre todos os alunos ali presentes, dois irmãos me chamaram a maior atenção. Pareciam rabinos formados, mas logo ouvi que tinham quase minha idade. Transmitiam, ao menos a um novato como eu, conhecimento e sabedoria, mas minhas impressões utópicas justificavam-se facilmente na inexperiência dentro de um ambiente ultra-ortodoxo.
Usavam langue-rekelech, ou ternos longos que se estendiam à altura dos joelhos, enquanto os demais rabinos formados usavam os ternos comuns em dias de semana. Não adentrarei semânticas e definições no momento, mas cada apetrecho ou vestimenta simboliza a região de cada grupo religioso. No caso dos dois irmãos, os longos ternos significavam que descendiam de Jerusalém.
Demorei a fazer amigos no internato carioca, longe e saudoso da casa dos pais, mesmo que estes estivessem em processo severo de divórcio e desentendimento. Distante, apenas observava o comportamento dos intrigantes irmãos como espectador de um filme vivo. Meir, o mais velho, era bem humorado e vivo. Às vezes tinha sacadas que me faziam duvidar da santidade imaculada da ortodoxia judaica. Entendia que a ausência de humor poderia até caracterizar a Bíblia, mas não seus mais fervorosos serviçais.
Gavriel, por sua vez, era um menino sério. Tinha minha idade, mas ao contrário de Meir, parecia ser uma pessoa no-nonsense, preocupado apenas em fazer sua parte como aluno enviado de Nova-York para fortalecer os fundamentos religiosos da Yeshivá de Petrópolis. Trazendo mais pessoas educadas e integradas no comportamento do grupo Chabad ao qual pertencia, a inspiração aos demais alunos viria certeira.
Em pouco tempo de minha permanência em Petrópolis, contudo, Meir e Gavriel viajaram à Argentina, e deixaram de me intrigar por alguns anos a vir.
Em 1996 mudei-me com minha família aos Estados Unidos. Chegamos juntos a Miami, e com a ajuda de outros emissários do Rebbe de Lubawitch, Menahem Mendel, então recentemente falecido, fui mandado a Nova-York, à Yeshiva conhecida como o seminário dos filhos do Rebbe, no Brooklyn. Estava confuso, sozinho, e não falava o idioma. Além disso, estudava em um colégio cobiçado pela maioria dos estudantes de Chabad, o máximo dos máximos a alunos que se preparariam a conquistar o diploma rabínico no futuro. E eu, ao contrário da maioria ali presente, não sentia a honra, ou compreendia a importância da instituição.
Quis fugir no primeiro dia, mas graças ao auxílio de um colega israelense, Shmulik Raskin, permaneci em Nova-York pelos próximos sete meses. No segundo dia de aula, para minha total surpresa, me deparei com Meir novamente. Nos cumprimentamos e, ele, como sempre, foi cordial e bem humorado e me deu boa companhia e algo a iniciar minha jornada turbulenta na cidade.
Minha amizade com Meir se intensificou ao ponto de que ele era meu único verdadeiro amigo. Apesar de contar com a presença de alguns brasileiros de Nova-Jersey que frequentariam, ocasionalmente, a sinagoga do Rebbe – 770 Eastern Parkway – aos finais de semana, e com a amizade de israelenses mais velhos, outros mais malandros, Meir era realmente o único confidente, o único irmão que tive no bairro de Crown Heights. Passei a frequentar sua casa imediatamente, e quase todos os Shabatot (Sábados, o Shabat no plural) possíveis, almoçava ou jantava por lá.
Gavriel, seu irmão, continuava o mesmo, no-nonsense, sério e dedicado a seus estudos. Mas era vivo, e sorria, e ria, e brincava mais do que imaginara que pudesse fazer. Elás, Gavriel era uma pessoa comum, e se preocupava com as aventuras do irmão dele comigo.
Em princípio, Gavriel me via como uma má influência ao seu irmão. Por minha causa, Meir deixava de cumprir com obrigações básicas aos jovens de Chabad, como trabalhar como missionários do Rebbe, levando o judaismo e suas tradições a judeus distantes ou simplesmente seculares, como sou hoje em dia. Ao invés de perambular pelas ruas infindáveis de Nova-York às Sextas-Feiras, Meir muitas vezes passava a tarde comigo, passeando, fumando cigarros (algo mal visto pelos rabinos mais velhos e totalmente proibido por seus pais), e equilibrando idéias absurdas em papos malabaristas.
Com o passar do tempo, os pais de Meir disseram que eu deveria ser amigo de Gavriel, pela idade, e passaram a estranhar a amizade que seu filho mais velho tinha comigo, um menino mais novo. Jamais me afastei da família de Meir, mas a amizade foi comprometida pelo protecionismo dos pais. Secretamente, Gavriel confessara que tinha mais medo da influência negativa de Meir sobre mim do que o contrário. Por minha vez, meu fetishe confessado e escrachado de usar um langue-rekel como os nascidos em Jerusalém culminou na certeza de Gavriel sobre a má influência de seu irmão.

“Quando você chegou aqui,” me dizia, “você estudava e se concentrava nas suas responsabilidades como um tomim (tomchei tmimim é o apelido carinhoso dado aos “filhos do Rebbe”, e significa “meninos puros” ou “inocentes”). Desde que você começou a andar com meu irmão, você parou de estudar, e agora se preocupa em coisas fúteis como adquirir e usar um terno longo.”

Mas, quem diria, Gavriel estava certo sobre mim. Jamais fui um crente sem questões. Sempre fui cético, de modo ou outro. Apesar de ter seguido a religião por mais alguns anos, eventualmente me aventurei ao mundo secular, e em pouco tempo deixava a espiritualidade a escanteio, tornando-me o que sou hoje, um judeu ateu.
Saí de Crown Heights levado ao aeroporto por ninguém menos que Meir Holtzberg. Ainda o vi uma única vez mais em Nova-York, já não religioso, em uma maluca viagem não planejada com dois amigos não judeus, um dos quais é hoje meu cunhado. Mas o encontro foi curto e rápido. Anos depois ouvi que tinha se casado, e me senti mal por não poder comparecer.
Os anos se passaram e nesta última Sexta-Feira acompanhei o resgate da casa Nariman, o centro Chabad em Mumbai atacado por terroristas na Quarta-Feira. Logo anunciaram que um rabino e sua esposa estavam entre os reféns, e que nada se sabia de seu destino. Chocado, tomei conhecimento de que o rabino em questão era Gavriel Noah Holtzberg, colega de infância, irmão de um de meus melhores amigos em curta vida. Em pouco tempo, descobrimos que Gavriel fora assassinado ao lado de sua esposa na cozinha do centro Chabad. Seu filho, Moshe, de dois anos de idade, foi resgatado pela babá indiana enquanto ela e outros reféns fugiam do prédio na Quinta-Feira.
O mundo é pequeno. Muitas vezes, consumidos na realidade fria de nosso corriqueiro vai-e-vem, nos esquecemos disso. Outras, quando o pior acontece, somos bem lembrados. Poderia ser Gavriel, assistindo a televisão e acompanhando a história de minha morte, mas fui eu o “sortudo” neste acaso do destino. Imaginei o que seria de mim caso não tivesse me afastado da religião, mas sei que jamais seria eu na Índia.
Gavriel nasceu em Israel e cresceu em Crown Heights, Brooklyn. Morreu ao lado da esposa israelense Rivka, ele aos 29 anos e ela aos 28 anos de idade.
Jamais me esqueci de sua existência em minha vida. Apesar das diferenças e das personalidades quase opostas, sempre o respeitei e admirei. Gavriel jamais usou desculpas para deixar de fazer o que achava certo. Vivia em Mumbai como emissário do Rebbe (no grupo Chabad não houve outro Rebbe - rabino mor - nomeado, mas os emissários do Rebbe falecido em 1994 prevaleceram), levando o judaísmo aos israelenses turistas e judeus indianos perdidos entre 1 bilhão de pessoas. Entre 1 bilhão de pessoas, Gavriel esteve entre os aproximadamente 180 mortos dos ataques em Mumbai.
Não pude desde então deixar de pensar em Meir, e no carinho que sinto por ele. Entrarei em contato assim que o período de luto der trégua. Meus pensamentos também voam ao lado da família, das irmãs e, principalmente, de seus pais. Mais uma vez um judeu é morto por ser judeu em terras estrangeiras. Mais uma vez, o preconceito de irmãos contra irmãos esmiúça nossas esperanças. Caso pudesse, todavia, pediria à família que perdoassem. O perdão, tão raro e lastimado pelas maldades do coração animal, faz-se mais necessário do que sentimentos de vingança. Ainda que haja justiça, que venha com ela o perdão.

De minha parte, o que posso oferecer é o amor e a boa fé de espalhar aos demais que Gavriel era, foi, viveu sendo pessoa boa, adorada e eternamente lembrada a todos que sua curta vida tocou.

Mesmo ateu, hoje mais judeu do que nunca, balbucio rezas:
“Que esteja sua alma segura baixo às asas do espírito divino”. E aos demais Holtzberg, “que Deus os console entre todos os enlutados de Sion e Jerusalém.”

RF

In Memoriam Gavriel Noah Holtzberg

Fonte: Meu amigo, Roy Frenkiel (
Os Intensos)


Eu quero muito disso:



Abrindo Janelas (saramar)
A
cqua (Lunna)
Arte & Reciclagem
AGRADÁVEL (Paola)
Boni
Bostamcity (Jorginho)
Brontossauros em meu jardim (Carlos Hotta)
Carbono Zero (Sacolas retornáveis)
Casado(i)s
Cris
Danilo Gentili (Danilo)
Diário de Enzo de Marco (Enzo de Marco)
Disque óleo vegetal usado
eduardomiguelpardo (Eduardo)
(Educ)ando por aí... (Maria Fernanda)
Entre Mãe e Filha (Nina)
Falando de Tudo da Tela do Lar! (Liz)
Flainando na Web (Oscar)
Folha Verde (Mercedes)
i'm used to it by now. (Rico)
I
n FocO (Vivian Maguinther)
Leia a minha Mente (Marco)
Lucia Hippolito
Luz de Luma. yes party! (Luma)
Magui (Magui)
Mimirabolante (Mimi)
Mosaico da Psicologia (Silvinha)
O Futuro do presente (Ana Cláudia Bessa e Cristiane Fetter)
O Cantinho da Borboleta Azul (Sonia)
Ô Menino Rude !!! (Geovana)
Os Intensos (Roy)
By Osc@r Luiz (Oscar)
Palhaço Poeta (Silvio)
Passeio pela História (Lívia)
Pensieri e Parole ano V (Meiroca/Meire)
POEMA/PROCESSO 1967 (Moacy)
Rastro de Carbono (Paula Signorini)
Receitas de Saúde
Recicle.blog.br
(Natália Allenspach)
Sala de Aula (Terezinha Bordignon)
Ser Terra (Débora e Gabriel)
Sustentabilidade/ Ecodesenvolvimento (Claudia Chow)
Toca do Jens (Jens)
Tânia Defensora (Tânia)
TÔ DOIDA (Cristiane Fetter )
Universo Desconexo (Lys)
Universo Emergente (Rodrigo Vicente)
Vai, Carla! Ser Gauche na Vida! (Carla Beatriz)
Vivo Verde (Daiane)
Xis-Tudo (Sahmany)

Pessoas do bem apareceram, e... quero mais disso!!!


Que Deus abençoe a todos!!!